Abre a porta. Sou eu, deixa-me entrar. Deixa-me ficar uns dias contigo, longe do mundo. Deixa-me abrigar-me aqui e chorar, sem vergonha, sem pudor, sem cessar - inconsolável e destruída. Não te preocupes, não te emociones e deixa-me estar, aqui, sem mais ninguém - só tu e o meu desconsolo. Não quero lenços, nem chocolates, nem água, nem conversas, nem mesmo um abraço; não agora. Deixa-me chorar aqui, contigo que nunca choras, tu que nunca me viste chorar por acreditar que ao pé de ti tinha de ser sempre de ferro. Deixa-me apenas chorar a alma no teu sofá enquanto bebes um chá e me sorris por não saberes sofrer.